Descoberta no Amapá nova espécie de peixe

O pequeno peixe Phenacogaster apletostigma demonstra a riqueza biológica do estado e a importância das ações para a conservação dos recursos naturais na região amazônica
A mais recente edição da Revista Brasileira de Zoologia, publicada em março de 2007, anuncia uma nova espécie de peixe descoberta no Amapá. O
Phenacogaster apletostigma, descrito pelas pesquisadoras Zilda Margarete de Lucena, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e Cecile Gama, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), foi registrado como uma espécie endêmica (encontrada apenas naquela região) e coletado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru e na Floresta Nacional do Amapá.
Até a publicação do artigo “
Phenacogaster apletostigma, nova espécie de peixe no Estado do Amapá, Brasil”, somente dez espécies do gênero Phenacogaster eram conhecidas. Outras dez espécies do mesmo gênero estão em fase de descrição, o que aumentará para 21 o número total de espécies do gênero classificadas pela ciência. “Aqui no Amapá, pelo menos no que se refere a peixes, não há muitas informações devido aos poucos estudos realizados na área. E a pesquisa científica é muito importante para o reconhecimento de nossos potenciais de conservação e a divulgação do Amapá e seu Corredor de Biodiversidade. Encontrar uma espécie nova e rara, que só existe aqui, justifica a existência das áreas protegidas, pertencentes ao Corredor, e a criação de novas unidades de conservação no Estado”, explica Cecile Gama, co-autora do artigo e pesquisadora do IEPA.
O nome da nova espécie – apletostigma - é fruto da fusão das palavras gregas apletos (imensa) e stigma (marca) e faz referência à grande mancha em sua porção lateral, que o diferencia das demais espécies do gênero. A identificação do peixe, que tem em média 33 mm, demonstra a importância de se realizar pesquisas científicas no Amapá, uma das áreas mais ricas e menos estudadas da Amazônia. “Este tipo de descoberta amplia o conhecimento sobre a ictiofauna (conjunto das espécies de peixes) amazônica, que é considerada por especialistas como a mais rica do planeta, e contribui para que a biodiversidade das unidades de conservação do Amapá seja mais bem conhecida e protegida. Muito ainda há para se descobrir nestas áreas”, afirma Enrico Bernard, Gerente do Programa Amazônia da Conservação Internacional (CI-Brasil) e coordenador do Programa de Inventários Biológicos do Amapá, realizado de 2004 a 2006.
Os exemplares do novo animal foram coletados em expedições científicas realizadas à RDS do Rio Iratapuru e à Floresta Nacional do Amapá, que integraram o programa de expedições a vários ecossistemas amapaenses. Este projeto resultou na promoção de 11 viagens de campo a unidades de conservação do Amapá – três à RDS do Rio Iratapuru, duas à Floresta Nacional do Amapá e cinco ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque - e ao cerrado do Estado. Segundo Enrico Bernard, um grande volume de resultados das expedições deverá ser publicado em artigos científicos a partir deste ano. “O processo de elaboração deste tipo material demanda tempo e o envolvimento de profissionais qualificados”, completa.
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